Para celebrar o aniversário de São Paulo, comemorado no último dia 25, fiz uma opção mais preguiçosa. A temperatura caiu na tarde de ontem e assim persiste. Clima ainda mais propício, acompanhado pela chuva, para colocar-se debaixo das cobertas e fazer uma maratona de filmes. Indico, para tanto, longas-metragens que elegeram a capital paulista como cenário.
Alguns poderiam passar tranquilamente como homenagem, por captarem paisagens tão características. Quem nunca veio para cá, ou conhece pouco, pode explorar o local por meio de um tour cinematográfico.
Quando fui para Paris, peguei alguns roteiros oferecidos pela prefeitura. Continham as coordenadas para visitar as locações de filmes como Paris, Te Amo, Meia Noite em Paris e O Pequeno Nicolau. Um atrativo para os turistas e que, a meu ver, funcionaria bem em muitas capitais do Brasil.
Os títulos selecionados não correspondem necessariamente às minhas preferências, e a opção por dramas é evidente. Apesar de partilharem o gênero, considero os bem distintos. Para seguir uma ordem de lançamento, começo por dois filmes que estrearam em 2007 – A Via Láctea e Não Por Acaso.
A abordagem de ambos possui uma forma delicada de colocar a narrativa em cena. A poesia permeia a cidade e disputa espaço com as histórias vividas pelas personagens. Em A Via Láctea, dirigido por Lina Chamie, um casal é levado a balancear e refletir sobre seus problemas pessoais presos no trânsito. Heitor (Marco Ricca) e Júlia (Alice Braga) discutem ao telefone e, num impulso, Heitor entra no carro com o intuito de ir até a casa de Júlia e encontrar uma solução para a briga.
O filme é curto e se passa majoritariamente neste percurso. O trânsito, as inquietações – enfim, problemas sujeitos a intervenção na vida de qualquer morador de uma cidade grande e tumultuada.
Não Por Acaso, com direção de Philippe Barcinski, segue uma linha semelhante, porém com mais personagens. E, consequentemente, com mais embates a serem desenrolados e solucionados ao longo da história. Diferente de A Via Láctea – composto por uma narrativa que prima pela subjetividade – Não Por Acaso faz uma opção um pouco mais objetiva, mesmo com duração maior.
O trânsito entra em cena, aqui, como um personagem. Pois Ênio (Leonardo Medeiros) trabalha como engenheiro de trânsito em São Paulo. O perfil metódico não é adotado apenas no trabalho, mas em seu cotidiano. O que o leva a uma reação um tanto fria quando sua ex-mulher o surpreende com a notícia de que sua filha, já com 16 anos, gostaria de conhecê-lo.
Outros personagens entram em cena após um acidente envolvendo Mônica (Graziella Moretto), a ex-mulher de Ênio, e Teresa (Branca Messina), namorada de Pedro (Rodrigo Santoro). A história é conduzida, então, pela forma com que os personagens encaram as consequências desse acidente em meio em meio aos dilemas cotidianos.
É um drama mais ameno, que mantém sua seriedade. Bróder (2011), de Jefferson De, pode se adequar ao mesmo gênero, porém com uma abordagem mais descontraída – ao menos até a metade do longa. Ele marca o reencontro de três amigos de infância – Macu (Caio Blat), Jaiminho (Jonathan Haagensen) e Pibe (Sílvio Guindane) no bairro Capão Redondo.
Embora a história se concentre nesse bairro, outros pontos da cidade também se fazem presentes. É interessante a mudança de perspectiva e a oportunidade de conhecer uma região pouco colocada em cena. O desfecho poderia ser apresentado de outra forma para torná-lo mais interessante. Ainda assim é um bom filme.
Posso dizer o mesmo de Estamos Juntos, lançado também em 2011 e dirigido por Toni Venturi. Não vou gastar muitas palavras sobre ele pois já o resenhei por aqui. De todos da lista, esse é, sem dúvidas, o mais primoroso no quesito fotografia. A história em si não tem nada de muito inovador. Pode parecer exagero, mas compensa assisti-lo mesmo pela escolha dos cenários. O diretor de fotografia colocou a região central em foco de maneira bem interessante.
O último da lista é especial para o público jovem. Foge de todos os padrões de filmes nacionais e tem semelhanças mínimas com os outros deste post. Escrevi sobre ele n’O Bolchevique Analógico. Tem muita ação, efeitos especiais e um acontecimento atrás do outro. Para sair do cinema sem fôlego. Se você não gosta de filmes “moderninhos”, opte por um dos citados anteriormente.
Bom, a minha homenagem desta vez foi bem discreta, mas não queria me repetir (até por ter atrasado a postagem). Quem não tem paciência para cinema, pode dedicar um minuto a um vídeo bem bacana feito pelas meninas do Lomogracinha.
Elas solicitaram o envio de fotos de São Paulo aos visitantes. As imagens foram reunidas neste vídeo-homenagem. Vocês podem conferi-lo abaixo: